A gente ainda subestima o poder de um bom habitat de inovação. Acha que é só um prédio bonito com startups plugadas em Wi-Fi — mas não é. É ali que ideias ganham forma, negócios se conectam a desafios reais e soluções começam a transformar territórios.
Quer ver? A Morada da Floresta saiu de uma incubadora em São Paulo e hoje é referência em compostagem urbana. A SolarEar, nascida em um habitat social no Ceará, produz aparelhos auditivos com energia solar — e já exporta para mais de 40 países. Tem também o Porto Digital em Recife, que virou motor da economia criativa nordestina e ponto de partida para centenas de empreendimentos com impacto local e global.
Esses lugares não funcionam por mágica. Funcionam porque alguém planejou. Alguém desenhou os serviços, entendeu os atores do ecossistema e estruturou o modelo de negócio do habitat. E aí está o ponto: se queremos cidades mais sustentáveis, precisamos tratar habitats de inovação como infraestrutura estratégica — com método, gestão e visão de futuro.
Ideias boas o Brasil tem de sobra. O que falta é habitat fértil.
Aquele abraço. TBC!
FONTES:
Morada da Floresta – Compostagem Urbana
Empresa de impacto socioambiental que desenvolve soluções como composteiras e campanhas de educação ambiental. Um de seus projetos notáveis é o "Composta São Paulo".
Site oficial: https://moradadafloresta.eco.br
Projeto Composta SP: https://moradadafloresta.eco.br/portfolio-items/composta-sao-paulo/
Solar Ear – Aparelhos Auditivos Sustentáveis
Empresa social que fabrica aparelhos auditivos de baixo custo, recarregáveis com energia solar, produzidos por pessoas surdas e exportados globalmente.
Site oficial: https://solarear.com.br/home-br/
Sobre a empresa: https://solarear.com.br/quem-somos/
Porto Digital – Parque Tecnológico em Recife
Polo de tecnologia, economia criativa e inovação em Recife. Mais de 350 empresas e 17 mil colaboradores atuam no local.
Site oficial: https://www.portodigital.org/paginas-institucionais/o-porto-digital/o-que-e-o-porto-digital
Artigo na Wired sobre o ecossistema: https://www.wired.com/story/porto-digital-is-the-quixotic-tech-hub-that-actually-worked
No mundo dos negócios, especialmente nos pequenos, ainda tem muita gente operando no escuro — guiando a empresa com base em intuição, pressentimento ou aquele famoso “eu acho que tá indo bem”. Mas deixa eu te contar uma coisa: intuição é bom pra jogo de truco, não pra tomar decisão estratégica. Se você quer crescer, melhorar margem, atrair investidor ou até mesmo dormir tranquilo, vai precisar encarar uma palavrinha que assusta menos do que parece: Business Intelligence.
Mas antes de achar que BI é só aquele dashboard bonitão com gráfico de pizza piscando, respira. Nem tudo é BI. Muita coisa que você chama de análise de dados, na real, é ciência — envolve estatística, modelo preditivo, construção de produtos inteligentes ou análise de fenômenos. Já o BI é mais pé no chão. BI é pra traduzir o que acontece na sua empresa em estratégia de mercado, desempenho financeiro, esforço versus resultado. É o GPS da sua gestão.
E onde começa o BI? Com dados. E não qualquer dado, mas dados certos, organizados e completos. Aqui entra o pulo do gato: registrar todas as vendas, despesas, salários, retrabalho, inadimplência, o que entra e o que sai. Não tem milagre. Se você alimenta o sistema com lixo, ele devolve lixo. O que você quer é insight — e insight só vem com informação bem tratada.
Quer um norte? A Gartner, que manja tudo de inovação e gestão, define quatro estágios da maturidade dos dados:
Descritivo: O que aconteceu? - Aqui apresentamos os dados sem um tratamento profundo, mas já geramos indicadores.
Diagnóstico: Por que aconteceu? - Aqui aplica-se uma consolidação dos dados para efeitos de comparação e correlação.
Preditivo: O que pode acontecer? - Aqui entra a camada de tratamento mais avançada para o BI, utilizando modelos preditivos e de inferência, por exemplo.
Prescritivo: O que eu devo fazer agora? - E aqui, aplica-se ferramentas de inteligência artificial e outros modelos matemáticos para sugerir ações.
A maior parte das pequenas empresas tá presa no nível 1 — isso quando tem dado. Mas o jogo vira mesmo do nível 2 em diante. E só chega lá quem tem disciplina de registrar, integrar e analisar dados de todas as áreas — RH, vendas, finanças, operações.
Agora, deixa eu ser direto com você, empresário de pequena empresa: dados mal registrados são como dívidas escondidas — uma hora cobram. E você pode estar gastando energia demais com o que não dá retorno, perdendo oportunidades que nem sabe que existem ou jogando fora dinheiro que poderia estar no seu bolso.
Por outro lado, quando você organiza seus dados, registra tudo direitinho, cruza indicadores e olha pra eles com frequência, uma mágica acontece: você começa a decidir com segurança, cortar desperdício, identificar os funcionários que realmente movem a engrenagem e os produtos que pagam as contas.
Recomendo: comece simples. Uma planilha bem montada já faz milagres. Depois, vá evoluindo. Não terceirize a inteligência do seu negócio — entenda seus números, ame seus dados, e use o BI como farol, não como bengala.
Porque no final das contas, quem tem dados tem poder. E quem não tem… tem desculpa.
Aquele abraço. TBC!
Embora o brasileiro seja mestre na arte de encantar por meio de sua criatividade ou retórica, o que obviamente ocorre e muito no mundo da gestão das empresas brasileiras, o resultado tende a evidenciar que ainda há um gap bastante importante entre o que se fala, e o que se entrega. O que conecta o desejo ao resultado é a ação, e infelizmente, no Brasil, o fazer sofre de inanição por conta do baixo pragmatismo e apoio do líder aos liderados.
Isso se revela em inúmeros inicadores e experiências que tive e estudei. Mas sobretudo, no GEM (https://www.gemconsortium.org/), é possível verificar como somos bons em começar (abrir empresas) e péssimos em inovar (garantir o futuro da empresa por meio de ações concretas de entrega que trazem resultados superiores). Explore os números e compare com o resto do mundo.
Na ilha e Vera Cruz, as práticas de gestão modernas sempre demoram um pouco a chegar, mas chegam. Mas aqui, matamos logo esse modismo. É muito bacana falar de Design Thnking, Scrum, Qualidade Total e outras importações de nome chique, como Design System ou DevOps. Mas o fato é que nossas lideranças amam o status quo e odeiam ser ameaçadas pela automação... ou pior, pela autonomia de seus... liderados. Temos a cultura de capataz muito ainda presente nas empresas.
Então, os métodos chegam, viram livros, cursos, workshops, palestras. Mas ficam na 'forma' na grande maioria das empresas, não avançando para a função. Aquilo que era pra dar agilidade, vira burocracia. Talvez poderemos romper com a maldição do falar x fazer x entregar, quando pararmos de fugir da realidade que se impõe (gap tecnológico, competitivo, em relação ao resto do mundo) e quando líderes se importarem, nas empresas obviamente, menos com títulos e mais com o apoio necessário de seus liderados na busca por geração de valor.
Aquele abraço. TBC!
Métodos de palco importados do vale do silício caem muito bem em momentos de negação e escapismo. Mas sempre haverá o contexto e a realidade para lembrar o líder de que sua estratégia é objetivamente pautada pelo mercado. Não adianta portanto renegar o básico. O trivial precisa ser relembrado, o óbvio precisa ser dito, o básico precisa sem bem feito.
Design Sprint, Agile, Scrum... métodos pensados por founders com orçamento gordo e cercados por talentos bem acima da média.
A empolgação com a novidade na forma de fazer traz um alento, acalenta com um novo respiro, mas a realidade se impõe cedo ou tarde. A aprendizem contínua é essencial, mas não gaste tempo enfeitando uma máquina quebrada. As vezes o motor só precisa de óleo e gracha. Se a empresa não tem maturidade para escrever e executar um 5W2H, vai mesmo incorporar um BSC, um PMBOK com algumas horas de treinamento? É preciso muita humildade em tempos de mudanças organizacionais. Isso serve pra empresas, públicas ou privadas, pequenas ou grandes. Serve para prefeituras, grupos de trabalho multi-institucionais…
A complexidade organizacional é imperativa e exige que todos estejam na mesma página. Explicitar e socializar o conhecimento é um processo gradual que requer o reconhecimento da maturidade atual em relação ao que o mercado espera. Comece pelo básico. O caminho para a visão muitas vezes é feito e conduzido em folhas simples de papel com tópicos bem redigidos e metas alcançáveis, claramente comunicadas.
Se a geração de valor está prejudicada, a causa deve ser abordada sem rodeios, e o remédio não será mais eficaz por conta da embalagem.
Perguntas simples, mas poderosas para mapear novas atitudes:
- o que nos falta para atingir o objetivo?
- por que fazemos o que fazemos desta forma de não de outra?
Com leveza e escuta ativa, essas perguntas podem impulsionar mudanças necessárias para uma melhor competitividade.